Laboratório Criosfera - Laramg/Uerj
A missão Criosfera 1 2025/2026, comandada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), é a primeira expedição à Antártica realizada em formato totalmente neutro de carbono. A excursão científica, que teve início em 18 de novembro e vai até 18 de dezembro, leva três pesquisadores ao laboratório Criosfera 1, localizado em um dos pontos de pesquisa mais remotos do continente gelado, a aproximadamente 600 quilômetros do polo sul geográfico.

Liderada pelo Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg) da Uerj, a missão introduz um novo protocolo de sustentabilidade para a comunidade científica internacional, representando um marco importante para o Programa Antártico Brasileiro (Proantar), que, neste ano de 2025, celebra quatro décadas de atividades.
Pioneirismo em sustentabilidade polar
O professor Heitor Evangelista, do Departamento de Biofísica e Biometria da Uerj, explica a importância da iniciativa. “Muitas vezes, não consideramos que a pesquisa em si também gera impactos. Se no futuro todos os programas antárticos adotarem esse mesmo critério, estaremos contribuindo para a redução das emissões globais de CO₂”, propõe o físico, que realiza sua 28ª missão antártica.
Calculadas em aproximadamente 9 toneladas de CO₂ equivalente, as emissões de carbono da missão foram verificadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) utilizando o GHG Protocol, protocolo internacional que fornece parâmetros e ferramentas para alcançar objetivos climáticos.
O módulo científico Criosfera 1 utiliza apenas energia solar e eólica. Entretanto, a logística da operação e o transporte dos pesquisadores emitem poluentes calculados em aproximadamente 9 toneladas de CO₂ equivalente, conforme o protocolo GHG. A compensação de carbono foi calculada com base no número de pessoas e nos tipos de aeronaves e navios utilizados e inclui o plantio de 200 árvores nativas da Mata Atlântica no Rio de Janeiro, em parceria com a Reserva Ecológica de Guapiaçu (Regua), e a aquisição de créditos de carbono de áreas preservadas na Amazônia.
O papel da Uerj e a relevância do Criosfera 1
O Criosfera 1, instalado na Antártica Central durante o verão de 2011/2012, é a plataforma científica de dados mais remota do Brasil e uma das poucas totalmente automatizadas no interior do continente antártico. Projetado pela Uerj e construído na Suécia, está localizado a 2.500 quilômetros ao sul da Estação Comandante Ferraz, operando com energia 100% renovável: solar no verão e eólica no inverno.
“Nosso laboratório é o único módulo autônomo no centro da Antártica que mede diversos parâmetros, desde meteorologia até raios cósmicos, de forma absolutamente automática. Isso nos coloca num patamar bastante interessante no contexto do monitoramento climático no centro da Antártica”, destaca Evangelista.
Objetivos práticos da missão
As atividades programadas para esta missão no laboratório Criosfera 1 incluem a troca de sensores meteorológicos, instalação de novos equipamentos para medição de gases de efeito estufa, monitoramento de aerossóis e fuligem (black carbon), além de coletas para pesquisas em microbiologia do gelo.
Também está previsto o primeiro teste funcional de uma estufa desenvolvida para cultivo de alimentos de rápido crescimento e a instalação do sistema de isolamento térmico, montagem, sensores, lâmpadas UV, umidificação e estanqueidade do laboratório.
Instituições participantes
A missão “Carbono Zero” conta com a colaboração da Ambipar, uma multinacional brasileira líder em gestão ambiental.
Além disso, o módulo científico Criosfera tem o apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT da Criosfera), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Secirm).
Fonte: UERJ
