Trajetórias Cefet2

Trajetórias Cefet. Foto/Divulgação

A mostra de prevenção e combate à xenofobia, tráfico de pessoas e trabalho escravo ficará no Cefet do Maracanã até setembro

A campanha itinerante, promovida pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, foi inaugurada nesta terça-feira, 8 de junho, na capital fluminense. O Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), no Maracanã, Zona Norte do Rio, abrigará a mostra até o dia 5 de setembro.

 

A ação inaugural foi voltada para a educação, com o objetivo de orientar estudantes, entre adolescentes e jovens, sobre tráfico de pessoas, trabalho escravo, migração e refúgio. A ideia é envolver principalmente os jovens das escolas do ensino médio, onde crescem os casos de bullying e de intolerância, além de fazer um alerta para o aumento de casos de tráfico de pessoas por meio das redes sociais.

 

Trajetórias Cefet. Foto/Divulgação

O estudante do ensino médio Gabriel Mathis, ficou muito impactado com as palestras e a com a exposição: “Uma das coisas que eu mais gostei foram os quadros, que são bem profundos. Quando eu vi, consegui captar alguns sentimentos, como tristeza pelo que eles passaram e um sentimento de energia, de liberdade para ajudar a combater. Eu acho que é algo que todo mundo deveria ter acesso. Foi muito importante pra mim porque agora deu uma expandida na minha mente e eu tô mais de olho nessa temática e percebendo melhor essa cultura escravista”.

Trajetórias Cefet. Foto/Divulgação

O trabalho acontece por meio de uma parceria entre as Coordenadorias de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo e de Políticas de Migração e Refúgio, da Subsecretaria de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos; do Programa Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, da Subsecretaria de Gestão do Sistema Único de Assistência Social (SUAS); do Projeto Ação Integrada e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A subsecretária de Promoção, Defesa e Garantia de Direitos Humanos, Aline Forasteiro, celebrou a parceria entre os setores da Secretaria: “Estamos, mais uma vez, consolidando a parceria entre Direitos Humanos e SUAS. A campanha Trajetórias traz visibilidade e sensibilidade ao enfrentamento do trabalho análogo à escravidao, xenofobia e tráfico de pessoas. É muito significativo esse trabalho com adolescentes, que são público-alvo, e seguiremos expandido a campanha para outros municípios”.

A campanha está aberta para visitação no Cefet, na Rua General Canabarro, 485, das 10h às 17h. Na sequência, no dia 02 de agosto, o município de Areal receberá a exposição Nós por Nós no Quilombo Boa Esperança, junto com uma feira cultural dos moradores da região. Após, a exposição Ressignificar estará disponível no Ciafete de Areal e Nós por Nós no Cine Areal do dia 05 até o dia 15 de agosto.

“A campanha Trajetórias representa um fortalecimento na rede de proteção social, ampliando a capacidade de atuação dos profissionais da assistência em articulação com outras políticas públicas para identificação, acolhimento e encaminhamento das pessoas vítimas de violação de direitos humanos”, destacou o subsecretário de Gestão do SUAS, Felippe Souza.

Campanha desenvolvida envolve duas exposições distintas
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Walk Free estimam que há mais de 27,6 milhões de pessoas em situação de trabalho forçado globalmente, sendo os migrantes até três vezes mais propensos a esse tipo de exploração. Por essas razões, a mostra propõe uma reflexão crítica sobre racismo, xenofobia, escravidão contemporânea e as múltiplas vulnerabilidades enfrentadas por migrantes e refugiados no Brasil, ancorada no compromisso com a promoção dos direitos humanos e na construção de políticas que valorizem a escuta, a presença e o protagonismo das pessoas em mobilidade. E ainda, o entendimento que muitos fluminenses estão sendo também vítimas de tráfico de pessoas. Casos recentes mostram a necessidade de se continuar investindo no combate e na prevenção. Só no Estado do Rio, a média de resgatados por ano, de 1995 a 2024, é de 60 pessoas, 1.803 vítimas. Os dados são do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo e Tráfico de Pessoas.

A mostra “Trajetórias” engloba duas exposições distintas, “Ressignificar” e “Nós por Nós”. A primeira resultante do trabalho realizado no Projeto Desenhando Novas Histórias, da Sedsodh e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que apresenta as histórias de vítimas do tráfico de pessoas e trabalho análogo à escravidão, relatadas por meio de artes visuais e falas, após um profundo trabalho de escuta grupal com direção psicanalítica, oferecido às vítimas acolhidas no projeto, com forma de superar traumas e dar novos significados para os crimes sofridos.

Já a exposição Nós por Nós, desenvolvida em parceria com o Projeto Ação Integrada, relembra o caso do jovem congolês Moïse Kabagambe, brutalmente assassinado no Rio de Janeiro, e reúne fotografias da infância, juventude e vida cotidiana de Moïse, além da exibição de um mini documentário com depoimentos de amigos e familiares. Nesse conjunto, o que se oferece não é apenas uma homenagem póstuma, mas um gesto de reconstrução de uma história que chocou a sociedade na busca que a conscientização evite a reprodução destes casos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *